Como levar o ESG para minha empresa?
O termo ESG é uma sigla para Environmental, Social and Governance e corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. Nos últimos anos, o ESG se tornou parte importante no mundo dos negócios, atraindo investidores, clientes e reconhecimento social para a marca.
Dessa forma, o alinhamento às ações ESG se tornou um valor quase tão importante quanto as cifras financeiras.
Apesar de ter ganhado espaço nos últimos anos, a sigla foi criada em 2005, sendo que o conceito por trás da terminologia é mais antigo e remete ao fim do século XX.
Saiba tudo sobre ESG e descubra como adotar as práticas na sua empresa. Confira!
De onde vem o ESG?
Unir o desenvolvimento sustentável e social com os negócios é uma ideia antiga. Para se ter uma ideia, entre as décadas de 1970 e 1980, foi criado o termo Socially responsible investing (SRI), ou estratégias de investimento socialmente responsável.
O SRI surgiu nos Estados Unidos, quando fundos de investimento passaram a considerar critérios sociais na tomada de decisão sobre quais empresas deveriam receber investimentos.
Naquela época, por exemplo, alguns fundos passaram a vetar investimentos em empresas que tinham negócios na África do Sul, como uma forma de boicote ao Apartheid. Foi também na década de 1970, que foi criado o primeiro fundo de investimento responsável, o norte-americano Pax Sustainable Allocation Fund Investor Class, que não investia em empresas que financiaram a Guerra do Vietnã.
Já na década de 1980, os esforços eram frear investimentos em empresas responsáveis por catástrofes ambientais. Dois casos foram muito emblemáticos: o vazamento de gases tóxicos em fábricas de pesticidas indianas e o acidente de um navio petroleiro no Alasca. Foi o início da preocupação ambiental no mercado internacional.
Entre os anos 1990 e 2000, surgiram os primeiros índices de avaliação de responsabilidade social. Um deles é o MSCI KLD 400 Social Index, que busca reduzir investimentos em empresas de armas, cigarros e álcool. Outro índice é o Dow Jones Sustainability Index, que avalia a performance de empresas em critérios de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social.
Em 2004, o Pacto Global da ONU e o Banco Mundial reuniram instituições financeiras de nove países, inclusive o Brasil. Dessa reunião, surgiu a publicação chamada Who Cares Wins, que apontava maneiras para integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
Em 2015, a Agenda 2030 da ONU chamou a atenção para a importância do desenvolvimento sustentável, levando em conta aspectos sociais e ambientais. Em seguida, foi assinado o Acordo de Paris, com o objetivo de reduzir o aquecimento global.
Por fim, em 2020, Larry Flink, diretor-executivo da BlackRock (maior gestora de fundos do mundo) anunciou que a sustentabilidade se tornaria critério para as decisões de investimento da empresa. Além disso, afirmou que as empresas que não se comprometerem com o tema estariam fadadas a ficar sem capital.
Três letras e muitas ações
Quando pensamos em práticas ESG, é importante se ter em mente quais são os três elementos da sigla:
- environmental: diz respeito às práticas referentes à conservação do meio ambiente, da natureza e do ecossistema. Isso inclui temas como poluição, o aquecimento global e a emissão de carbono na atmosfera, o desmatamento, a escassez da água e de recursos naturais necessários à vida humana;
- social: deve ser compreendido de forma ampla, como a maneira com a qual a empresa lida com as pessoas. Isso inclui tanto seu público interno, como colaboradores, acionistas e clientes, quanto também deve considerar o público externo, com questões voltadas para a comunidade ao redor;
- governance: tem relação com a administração da empresa, sua conduta e organização. Ou seja, a governança corporativa está diretamente relacionada com o cumprimento de todos os interesses relacionados à empresa, o que levaria ao seu desenvolvimento sustentável.
ESG no Brasil
O entendimento e a aplicabilidade de critérios ESG pelas empresas brasileiras é, cada vez mais, uma realidade. Isso porque estar de acordo com padrões ESG amplia a competitividade do setor empresarial, tanto no mercado interno quanto no externo.
Para os stakeholders, a adoção da agenda ESG é a indicação de solidez, custos mais baixos, melhor reputação e maior resiliência em meio às incertezas e vulnerabilidades.
Segundo o Climate Change and Sustainability Services, o ESG é essencial para a tomada de decisões dos investidores.
Também é importante ressaltar a relação entre o ESG e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma vez que reúnem os grandes desafios e vulnerabilidades da sociedade como um todo.
No Brasil, a relação dos ODS com os negócios está presente nas grandes empresas. Segundo levantamento realizado pelo Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3, 83% delas possuem processos de integração dos ODS às estratégias, metas e resultados.
Falando em cifras
Um levantamento feito pela Morningstar mostra que os fundos ESG no Brasil captaram ao menos R$ 2,5 bilhões em 2020 e passaram de R$ 3,1 bilhões para R$ 6,8 bilhões ao longo do ano, já considerando a valorização dos ativos no período.
Embora ainda seja um montante considerado pequeno, se comparado a todo o volume captado pela indústria de fundos, a cifra na casa dos bilhões demonstra um crescimento do setor no país.
Ainda de acordo com a pesquisa, foram criados 85 novos rotulados como sustentáveis pelos gestores em 2020, enquanto em 2019 haviam sido apenas seis. Pouco mais de metade da captação, veio de novos produtos, criados entre 1º de janeiro e 31 de dezembro.
Em todo o mundo, foram investidos U$38 trilhões em ações ligadas ao tema e a expectativa é que, até 2025, esse número chegue a U$53 trilhões, o correspondente a um terço dos ativos de investimentos.
Segundo relatório da PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões, em relação a 15,1% no fim do ano passado. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos.
Na visão dos especialistas
Se você ainda não se convenceu da importância do ESG para o mercado, conheça algumas teorias que vão dar maior embasamento sobre o tema.
Teoria do Donuts
Um dos modelos propostos para gerar transformação sistêmica envolvendo os diferentes setores em prol de um futuro sustentável é a “Economia Donut”. Essa teoria foi criada pela economista inglesa Kate Raworth e propõe uma nova lógica para pensar a economia, que leva em conta a dignidade humana e os limites ecológicos do planeta.
Na Economia Donut, o espaço seguro e justo para a humanidade deve se manter dentro da “rosquinha”, por isso o nome donut. Indicadores abaixo disso mostram uma privação humana em áreas relacionadas aos ODS, como educação, água, energia e igualdade de gênero, por exemplo.
Por outro lado, quando os indicadores ultrapassam a parte exterior do donut, significa que aquele país ou cidade avaliado estaria ultrapassando o teto ecológico que o planeta pode sustentar.
Segundo a economista, as empresas têm um papel fundamental na Economia Donut. Para a pesquisadora, quando as organizações tomam consciência de que precisam fazer parte da solução e adotar práticas mais sustentáveis, elas podem apresentar diferentes tipos de comportamento.
Em um estudo com diversos líderes empresariais, a especialista entendeu que a variedade de respostas demonstra que empresas estão em diferentes momentos nessa transição de um modelo degenerativo para uma concepção regenerativa. Assim, ela dividiu as respostas em 5 estágios, os quais chamou de “Lista de Tarefas das Corporações”:
- não fazer nada;
- fazer o que compensa;
- fazer a parte que nos cabe;
- não provocar danos;
- ser generoso e regenerativo.
Capitalismo de Stakeholders
O conceito do Capitalismo de Stakeholders ganhou força em 2020, no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça. Trata-se de um modelo que busca atender os interesses de todos os atores das empresas, ou seja, acionistas, colaboradores, clientes, fornecedores e toda a comunidade impactada.
Na prática, o Capitalismo de Stakeholders defende a geração de valor a todas as partes interessadas, sendo um tema transversal nas organizações. É o oposto do Capitalismo Shareholder, no qual a prioridade dos negócios é o lucro para os acionistas.
A ideia do capitalismo de stakeholder ganhou força por causa da pandemia de covid-19 e o uso massivo da tecnologia. Dessa forma, ocorreu uma mudança na forma como as empresas são percebidas pela sociedade em um momento de grandes incertezas e adversidades.
Esse movimento reforça a ideia de que o lucro é um fator altamente relevante para as companhias, mas não é o único indicador para despertar o interesse dos investidores. Isso porque, além da exigência de demonstrativos financeiros, também são solicitados relatórios que comprovem o exercício de práticas de ESG. Com isso, executivos que não se atentarem às mudanças põem em risco a sobrevivência de seus negócios. Assim, esse novo modelo tem se tornado extremamente importante para as instituições.
Com o objetivo de ajudar as empresas a adotar e avaliar as boas práticas de ESG e construir um modelo de negócios focado de capitalismo de stakeholder, o Fórum Econômico Mundial uniformizou critérios que devem ser observados. Ao todo, são 55 métricas, divididas entre quatro principais pilares:
- governança – relacionado à ética empresarial, ao combate à corrupção, ao gerenciamento de riscos e aos princípios de transparência;
- planeta – ou acompanhamento dos impactos para o meio ambiente, como a criação de políticas de gestão de resíduos, fontes energéticas, consumo de água e desmatamento, por exemplo;
- pessoas – como a empresa cuida dos colaboradores, se realiza investimento em programas de diversidade, combate às desigualdades, oportunidade de carreira e ações sociais;
- prosperidade – tem ligação com o bem-estar social, como o aumento no número de colaboradores, investimento em tecnologia, capacidade produtiva e geração de negócios de maneira sustentável.
A ideia é que, com as métricas, as empresas demonstrem aos stakeholders a preocupação em avaliar riscos e oportunidades pertinentes aos seus negócios.
O cisne verde
A partir do cisne negro, os pesquisadores Patrick Bolton, Morgan Despres, Luiz Pereira da Silva, Frédéric Samama e Romain Svartzma criaram a figura do cisne verde, no livro The green swan, lançado em 2021.
O cisne verde se refere à perspectiva de uma crise financeira causada pelas mudanças climáticas. Segundo os autores, tratam-se de eventos com potencial extremamente perturbador do ponto de vista financeiro.
Ou seja, os eventos climáticos extremos, como os recentes incêndios na Austrália ou furacões no Caribe, aumentaram sua frequência e magnitude, trazendo grandes custos financeiros.
Isso porque esses eventos podem levar a interrupções na produção, destruição física de fábricas, aumentos repentinos de preços, entre outros. Assim, pessoas, empresas, países e instituições financeiras podem ser afetados.
No Brasil, fortes chuvas com intensidade muito superior à média mensal castigaram diversas cidades, como Petrópolis e Brumadinho, causando mortes, prejuízos materiais e interrupções de atividades, produzindo um efeito negativo para a economia.
Os eventos climáticos afetam diretamente as plantações, chegando aos grandes centros urbanos por meio do mercado de commodities nas Bolsas de Valores. Esses produtos funcionam como matéria prima para a produção do produto acabado, entre eles estão a soja e milho, por exemplo.
Como levar o ESG para minha empresa?
O primeiro passo para uma empresa adotar o ESG é realizar uma avaliação de materialidade e maturidade das ações empresariais ambientais, sociais e de governança existentes.
Com base nessa avaliação, é possível elaborar soluções personalizadas que visem fortalecer iniciativas, minimizar impactos negativos e potencializar positivos, equalizando, ainda, eventuais prejuízos já provocados. Essas soluções vão desde a destinação correta de resíduos, até a implantação de uma política anticorrupção, passando pela destinação de recursos para o investimento social privado.
Para que as práticas ESG sejam incorporadas de forma eficiente, é necessário que elas estejam alinhadas à cultura da empresa e a seus objetivos estratégicos.
Essa adaptação é, muitas vezes, complexa e um olhar externo à organização pode ajudar a compreender a realidade da empresa e apontar os caminhos mais adequados para a adoção da Agenda ESG.
A H&P conta com uma equipe de especialistas, altamente preparada, para implantação de práticas ESG em todos os processos da organização.
No final de 2021, por exemplo, lançamos o Sistema de Integridade, em que consolidamos os mecanismos de responsabilidade social e ambiental, cultura ética e conformidade, governança, inovação e transformação, comunicação e treinamento.
Entre esses mecanismos estão:
- ações de diversidade e inclusão;
- relacionamento com as comunidades;
- sustentabilidade;
- código de conduta;
- políticas e normas de compliance;
- ambiente de governança;
- transparência e prestação de contas;
- planejamento estratégico;
- controle internos e melhorias de processos;
- gestão de riscos;
- auditoria e monitoramento;
- segurança da informação;
- comunicação interna e externa;
- ouvidoria;
- canal confidencial para denúncias;
- treinamentos.
Como trabalhamos
A H&P conta com uma gama de serviços para todos os passos de implantação de ESG. No diagnóstico, realizamos o mapeamento de stakeholders, com a identificação e o relacionamento, além de comparativos relacionados a índices e indicadores para o relacionamento da empresa com a comunidade.
Também realizamos a elaboração de planos ambientais e de desenvolvimento territorial, que trazem maior valor para a cadeia produtiva e, dependendo da área de atuação, é necessário para o cumprimento da legislação. Há também soluções personalizadas, como o Investimento Social Privado e Educação Ambiental.
Ao longo do tempo, fazemos o monitoramento e a avaliação das ações, com a elaboração de linha de base de estudo, avaliação intermediária e final, estudos de avaliação de impacto social e a comunicação de resultados. Seja um dos nossos parceiros!
Saiba mais sobre a H&P
A H&P existe desde 1983 e atua no mercado nacional apoiando organizações dos três setores por meio de Gestão de Riscos e Impactos Socioambientais, Soluções para Licença Social e Monitoramento e Avaliação de Projetos.
A empresa se destaca pela habilidade de incorporar diferentes abordagens metodológicas e novas tecnologias, com foco no atendimento às necessidades dos clientes.
Em diferentes projetos, atuou para empresas de médio e grande porte, com destaque para o setor minerário. Os trabalhos realizados pela H&P possuem metodologias próprias, tecnologias sociais e sistemas informacionais que possibilitam sua aplicação em diversos contextos e territórios.