Consultor da HeP apresenta trabalho em Congresso Latino-Americano de Sociologia
“Que bloco é esse? Eu quero saber! É o mundo negro que viemos cantar para você!”
Assim começa a primeira música apresentada pelo Bloco Ilê Aiyê, criado em 1974 e conhecido por ser o primeiro bloco afro de Salvador. Foi um marco no carnaval da Bahia, valorizando e agregando elementos da cultura e herança afrodescendente na estética e música. Influenciou diversos outros blocos que vieram depois, ainda na década de 70. Dois dos mais famosos são o Olodum e Malê Debalê, ambos fundados em 1979.
Os três blocos, com suas semelhanças e particularidades, foram o objeto de estudo da tese de doutorado do nosso consultor Daniel Martins, defendida em novembro no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Unicamp: Minha carne não é só de carnaval: por outra abordagem teórica sobre a atuação dos blocos afro de Salvador (Ilê Aiyê, Malê Debalê e Olodum). A pesquisa foi realizada em campo entre 2013 e 2016, partindo do entendimento dos blocos afro como modelos ímpares e complexos de organizações ativistas, que cumprem um papel simultaneamente político e cultural. Com base principalmente em pesquisadores brasileiros, tratou da relação entre poder e cultura e dos blocos como parte da resistência negra – tanto em sua trajetória passada quanto o processo presente de mobilização.
A tese também será apresentada no dia 7 de dezembro no XXXI Congresso da Associação Latino-Americana de Sociologia, a ser realizada em Montevidéu e que tem como tema “As encruzilhadas abertas da América Latina. A sociologia em tempos de mudança”. Minha carne não é só de carnaval fará parte do grupo de trabalho “Qual o lugar da cultura e da arte nos processos de transformação social?”. O grupo se propõe a debater, dentre outros temas, os movimentos indígenas e afrodescendentes latino-americanos que se articulam contra o racismo histórico do Estado Nação, fazendo uso de suas múltiplas culturas para desafiar as dominantes.